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Mônica Yamagawa
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Centro de São Paulo

Palácio dos Campos Elíseos

avenida rio branco, 1289
alameda glete, s/n
rua dos guaianazes, 1042

dicionário do centro de são paulo

atualizado em: 14 de junho de 2022

 

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A Chácara dos Bambus (atual Bairro dos Campos Elíseos), foi adquirida por Glette e Nothmann (alemães), loteada pelo engenheiro Hermann Von Puttkamer e transformada no primeiro bairro planejado de São Paulo, voltado para a aristocracia cafeeira. Elias Antônio Pacheco Chaves foi um dos que adquiriu um terreno no local e nele resolveu construir sua nova residência, hoje conhecida como Palácio dos Campos Elíseos.

 

O Palácio dos Campos Elíseos foi projetado por Mattheus Haüssler (arquiteto alemão). As obras começaram em 1896, executadas pelo arquiteto italiano Cláudio Rossi e pelo mestre João Grundt (que veio diretamente da Europa para a execução "fiel" do projeto que replicava o Castelo de Écouen, atualmente Museu da Renascença - França). O "palácio" foi concluído em 1899, com os requintes e luxos exigidos na época pela elite cafeeira: 

"colunata e capitéis evocando o renascimento italiano e, a cobertura de mansarda, com nítida influência francesa do século 17."

[KAMIDE, Edna Hiroe Miguita, PEREIRA, Terza Cristina Rodrigues (coord). Patrimônio Cultural Paulista: CONDEPHAAT, bens tombados 1968 – 1998. São Paulo: Imesp, 1998, p.180].

"De concepção classicista, o projeto combinava a 'loggia', característica do Renascimento Italiano, às mansardas, de clara influência da arquitetura francesa."

[BENS CULTURAIS ARQUITETÔNICOS NO MUNICÍPIO E NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. São Paulo: SNM – Secretaria de Estado dos Negócios Metropolitanos, EMPLASA – Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S/A e SEMPLA – Secretaria Municipal de Planejamento, 1984, p.216-217.]

 

 

Dos Estados Unidos e da Europa vieram a grande parte do material utilizado para a sua construção. As peças e estruturas de madeira foram executadas por carpinteiros de Santo Amaro e o seu transporte era feito por carros de bois, em alguns casos, o percurso levava cerca de oito dias para chegar até a propriedade de Pacheco Chaves.

"Havia três salas de estar: 'a sala de visitas, vermelha, contava com o piano Henry Heertz. A seguir, a saleta e o salão nobre, no estilo Luis XVI. O escritório e a biblioteca de Elias tinham muitos livros de direito e literatura, além do quadro a óleo de autoria do pintor Alemida Júnior denominado Salto de Itu'. A sala de jantar 'era mobiliada com mesas e cadeiras de carvalho francês e cortinas vermelhas, e a galeria, com móveis estifados em veludo azul, entre os quais sobressaía um piano de cauda Steinway'. o requinte da casa estava no seu acabamento: 'Impotaram-se telhas de ardósia e serralheria de bronze trabalhado nos Estados Unidos, maçanetas de porcelana de Sèvres, espelhos venezianos e lustres de cristal Baccarat'."

[D'AVILA, Luiz Felipe. Dona Veridiana: a trajetória de uma dinastia paulista. São Paulo: A Girafa, 2004, p.393-394.]

 

[+] Elias Antonio Pacheco Chaves

 

 

Em 1912, o Governo do Estado comprou o imóvel, tendo como primeiro ocupante o Conselheiro Rodrigues Alves. De 1912 até 1934, o local serviu de residência do governador, somente em 1935, após remodelações realizadas por Armando Salles de Oliveira é que o local passa a ser também a sede do governo. Em 1965, o palácio deixa de ser a sede do governo e após o incêndio ocorrido em 17 de setembro de 1967, o palácio também deixa de ser a sede do governo.

Após o incêncio de 1967, a edificação foi restaurada e serviu, sucessivamente, de sede para a Secretaria de Estado da Cultura, Esportes e Turismo, depois para a Secretaria de Estado da Cultura, Ciência e Tecnologia. Em janeiro de 1971, o MIS - Museu da Imagem e do Som começou a ocupar o Palácio dos Campos Elíseos, instalando a seção técnica da instituição em três salas do andar térreo. A partir de março de 1979, o palácio passou a ser a sede da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia.

Carlos Perrone discorre sobre os ataques sofridos pelo Palácio dos Campos Elíseos ao longo de sua história: 

"Em 1918, em decorrência da morte de um trabalhador em Sâo bernardo, 'anarquistas' transportando o cadáver tentaram invadir a sede do governo. Impedidos pela Força Pública, deflagraram greve geral que parou São Paulo por dez dias. Em 1924, rebeldes liderados por Isidoro Dias Lopes tentaram bombardear o Palácio a partir das alturas do Pacaembu, mas erraram os tiros. A revolução de 1930 também atacou, sem causar no entanto grandes danos. Em 1932, populares cercaram o Campos Elíseos obrigando o então governador a aderir ao Movimento Constitucionalista. De todos esses ataques o Palácio espacou intacto, sendo no entanto destruído em 1967 por incêndio espontâneo, do qual só restaram as paredes laterais, pois os bombeiros pouco puderam fazer devido a falta de água na região."

[PERRONE, Carlos. São Paulo por dentro: um guia panorâmico de arquitetura. São Paulo: Senac SP, 2000, p.22.]

 

A edificação ficou desocupada por cerca de 10 anos (desde 2006), submetido a reformas que custaram cerca de R$ 20 milhões. A partir de 2013,

"a Incorplan foi responsável pela restauração do piso tabuado de madeira maciça - incluindo Barroteamento de suporte do piso -, da alvenaria aparente de tijolos de barro maciço, de elementos em gesso decorativos, das esquadrias de madeira maciça – incluindo ferragens - e de pinturas decorativas murais. Além dos serviços de restauro (inclusive de pisos e placas de revestimento em mármore e granito), readequou o layout interno para novo programa de atividades, reformou o telhado com estrutura de tesouras de madeira (envolvendo reforço estrutural), construiu estruturas de aço, consolidou e reforçou os forros em estuque, pintou as paredes internas e executou o piso em ladrilho hidráulico.

De grande porte, a obra ainda recebeu a instalação de elevadores, com plataforma elevatória para portadores de necessidades especiais."

[EM EXECUÇÃO: PALÁCIO DSO CAMPOS ELÍSEOS. Incorplan Engenharia. Disponível em: <http://www.incorplanengenharia.com.br/patrimonio-cultural-obras-em-andamento-palacio-dos-campos-eliseos>. Acesso em: 11 Fev 2022.]

 


Obras de restauro executadas pela Incorplan Engenharia.
[FONTE DA IMAGEM: Incorplan Engenharia]


Em 2017, o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - passou a ocupar a antiga residência de Pacheco Chave, com o objetivo de criar no local um espaço com a função de ser uma incubadora de empresas e um museu voltado à história da antiga residência oficial dos governadores,

"o térreo dará espaço ao Museu da Casa Paulista.

(...)

No mesmo piso haverá um espaço de atendimento e consultoria para potenciais microempreendedores e alunos da rede pública.

(...)

No primeiro andar estarão salas de coworking – modelo de trabalho crescente no mundo baseado no compartilhamento de um espaço que reúne profissionais de diferentes áreas de atuação. Além disso, um auditório de realidade virtual e um 'media lab' (espaço voltado a projetos de edição de áudio e vídeo).

Já o sótão abrigará incubadoras de startups, cujo plano é auxiliar empreendedores iniciantes a aprimorar técnicas de gestão em áreas como moda, games, arquitetura e tecnologia."

[BERGAMIN JR, Giba. Ex-sede do governo de SP, palácio no centro vai virar 'escola de negócios'. Folha de S.Paulo: Cotidiano, 27 Jul. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/07/1901106-ex-sede-do-governo-de-sp-palacio-no- centro-vai-virar-escola-de-negocios.shtml>. Acesso em: 10 Fev. 2022.]

 

O projeto do SEBRAE funcionou no local por cerca de dois anos, o texto abaixo foi publicado no site da instituição, apesar de não mencionar o ano, provavelmente trata-se de 1 de outubro de 2020 - data da mudança, da saída do Palácio dos Campos Elíseos:

"O Centro de Referência em Inovação Sebrae (CRIE) está em uma casa nova! A partir de 01/10, as atividades do CRIE passam a ser realizadas na sede do Sebrae-SP, localizada na Rua Vergueiro, 1117- Liberdade, SP.

O Palácio dos Campos Elíseos voltará a ser administrado pela Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa de SP e permanecerá fechado até o fim do isolamento social. Durante a gestão do Sebrae deste imóvel, entre 2018 e 2019, mais de 300 atividades e cerca de 20 mil atendimentos foram realizados a negócios criativos. Mais de 80 startups participaram de programas de aceleração e captaram mais de 4 milhões em investimentos."

[ONDE ESTAMOS. CRiE - Centro de Referência em Inovação Sebrae. Disponível em: <https://inovacao.sebraesp.com.br/>. Acesso em: 11 Fev. 2022.]

 

Notícias recentes, de janeiro de 2022, anunciaram que será instalado no Palácio dos Campos Elíseos, o "Museu da Favela":

"O Museu da Favela irá contar a história de como o Brasil se tornou o país das favelas. Ele apresentará a cultura, as pessoas, as lutas e as glórias dessa população que ajudou a construir algumas das maiores megalópoles do mundo – mais do que isso, influenciou na formação da identidade brasileira.

Ele será instalado no Palácio dos Campos Elísios, no Centro de São Paulo, antiga sede do governo. É de fato um Palácio, um casarão imponente, que um dia foi utilizado pelos barões do café para perpetuar a economia escravista. É simbólico que um lugar manchado pela escravidão passe a abrigar um equipamento cultural de celebração da cultura negra e periférica, transformando o estigma em carisma."

[ATHAYDE, Celso. São Paulo ganhará um grande Museu da Favela. Exame, 16 Jan. 2022. Disponível em: <https://exame.com/blog/favela-s-a/sao-paulo-ganhara-o-primeiro-museu-da-favela-do-brasil/>. Acesso em: 11 Fev. 2022.]

 

 

CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo

Número do Processo: 16265 / 1970.

Resolução de Tombamento: Resolução de 02/08/1977.

Resolução SC S/N/77, de 2 de agosto de 1977, publicado no DOE 03/08/77.

Max Feffer, Secretário da Cultura, Ciência e Tecnologia, no uso de suas atribuições legais e nos termos do artigo 1o do Decreto-Lei no 149, de 15 de agosto de 1969,

Resolve:

Artigo 1o – Fica tombado como monumento histórico e arquitetônico o Palácio dos Campos Elíseos, imóvel localizado à Avenida Rio Branco, no 1289, nesta Capital, devido a sua longa e densa participação e ação de presença na vida pública e cultural de São Paulo.

Artigo 2o – Fica o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado autorizado a inscrever no Livro do Tombo competente o imóvel em referência, para os devidos e legais efeitos.

Artigo 3o - Esta Resolução entrará em vigor na data da sua publicação.

 

Publicação do Diário Oficial: 03/08/1977.

Livro do Tombo Histórico: inscrição nº 114, p. 17, 26/06/1979.

 

CONPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo

Resolução no . 05/91

Por decisão unânime dos Conselheiros presentes à reunião realizada aos cinco dias do mês de abril de 1991, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo - CONPRESP, resolve, nos termos e para os fins da Lei no 10.032/85, com as alterações introduzidas pela Lei n o 10.236/86, tombar "ex-officio" os bens abaixo descriminados:

(...)

19) Palácio dos Campos Elíseos - Avenida Rio Branco, 1289 - Campos Elíseos;

(...)

Esta resolução deverá ser submetida à efetivação da Senhora Secretária, bem como homologada pela Senhora Prefeita, com posterior registro no livro próprio.

 

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YAMAGAWA, Mônica. Palácio dos Campos Elíseos - Dicionário do Centro de São Paulo. Moyarte. Disponível em: <http://www.moyarte.com.br/centro-de-sao-paulo/dicionario-do-centro-de-sao-paulo/ indice-dicionario.html>. Acesso em: 25 Jan. 2022. [Em "Acesso em", indicar a data de consulta, data de acesso ao site].

 

 

referência bibliográficas

1971: PALÁCIO DOS CAMPOS ELÍSEOS PASSA A ABRIGAR MUSUE DA IMAGEM E DO SOM. Folha de São Paulo: há 50 anos, 27 Jan. 2021. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/banco-de-dados/2021/01/1971-palacio-dos-campos-eliseos-passa-a-abrigar-museu-da-imagem-e-do-som.shtml>. Acesso em: 10 Fev. 2022.

ATHAYDE, Celso. São Paulo ganhará um grande Museu da Favela. Exame, 16 Jan. 2022. Disponível em: <https://exame.com/blog/favela-s-a/sao-paulo-ganhara-o-primeiro-museu-da-favela-do-brasil/>. Acesso em: 11 Fev. 2022.

BENS CULTURAIS ARQUITETÔNICOS NO MUNICÍPIO E NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. São Paulo: SNM – Secretaria de Estado dos Negócios Metropolitanos, EMPLASA – Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo S/A e SEMPLA – Secretaria Municipal de Planejamento, 1984.

BERGAMIN JR, Giba. Ex-sede do governo de SP, palácio no centro vai virar 'escola de negócios'. Folha de S.Paulo: Cotidiano, 27 Jul. 2017. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/07/1901106-ex-sede-do-governo-de-sp-palacio-no- centro-vai-virar-escola-de-negocios.shtml>. Acesso em: 10 Fev. 2022.

D'AVILA, Luiz Felipe. Dona Veridiana: a trajetória de uma dinastia paulista. São Paulo: A Girafa, 2004.

EM EXECUÇÃO: PALÁCIO DSO CAMPOS ELÍSEOS. Incorplan Engenharia. Disponível em: <http://www.incorplanengenharia.com.br/patrimonio-cultural-obras-em-andamento-palacio-dos-campos-eliseos>. Acesso em: 11 Fev 2022.

KAMIDE, Edna Hiroe Miguita, PEREIRA, Terza Cristina Rodrigues (coord). Patrimônio Cultural Paulista: CONDEPHAAT, bens tombados 1968 – 1998. São Paulo: Imesp, 1998.

OLIVEIRA, Abrahão de. O Luxo Da Fortuna Cafeeira – O Palácio dos Campos Elíseos. São Paulo In Foco, 3 Mar. 2015. Disponível em: <https://www.saopauloinfoco.com.br/campos-eliseos/>. Acesso em: 10 Fev. 2022.

ONDE ESTAMOS. CRiE - Centro de Referência em Inovação Sebrae. Disponível em: <https://inovacao.sebraesp.com.br/>. Acesso em: 11 Fev. 2022.

PERRONE, Carlos. São Paulo por dentro: um guia panorâmico de arquitetura. São Paulo: Senac SP, 2000.

 

 

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